Avaliação de todas as evidências relevantes e confiáveis

Pontos-chave

  • Um único estudo raramente fornece evidências suficientes para orientar as escolhas de tratamento na área de cuidados  de saúde
  • As avaliações dos méritos relativos de tratamentos alternativos devem basear-se em revisões sistemáticas de todas as evidências relevantes e confiáveis
  • Assim  como nos estudos individuais que testam tratamentos, existem medidas que precisam ser tomadas para reduzir as influências enganadoras dos vieses e da obra do acaso
  • A falta de  consideração das conclusões das revisões sistemáticas resultou em malefício evitável para pacientes e desperdiçou recursos  nas áreas de cuidados de  saúde e pesquisa.

IntroduçãoSerá que um só estudo é suficiente?

A resposta é simples: “raramente”. Muito raramente uma comparação imparcial de tratamentos produz evidência suficientemente confiável que sirva de base para decidir sobre as opções de tratamentos. Contudo, isso às vezes acontece. Exemplos desses estudos únicos e raros incluem um demonstrando que tomar aspirina durante um ataque cardíaco reduz o risco de morte prematura; outro torna claro que administrar esteroides a pessoas com lesão cerebral traumática
aguda é fatal (ver a seguir e consultar o Capítulo 7); e um terceiro identifica a cafeína como o único medicamento conhecido para prevenir a paralisia cerebral em crianças nascidas prematuramente (consultar o Capítulo 5). No entanto, geralmente um único estudo é apenas uma das várias comparações que tratam de questões iguais ou semelhantes. Então, a evidência de estudos individuais deve ser avaliada juntamente com a evidência de outros estudos semelhantes.

Um dos pioneiros dos testes imparciais de tratamentos, o estatístico britânico Austin Bradford Hill, disse, na década de 1960, que os relatórios das pesquisas deveriam responder a quatro perguntas:
• Por que você começou?
• O que você fez?
• O que você encontrou?
• E o que isso significa afinal?

Essas perguntas-chave são igualmente relevantes hoje em dia, embora sejam muitas vezes tratadas inadequadamente ou totalmente ignoradas. A resposta à última pergunta – “o que isso significa afinal” – é particularmente importante, pois é provável que influencie decisões sobre tratamentos e pesquisas futuras. Tomemos como exemplo um tratamento curto e econômico com medicamentos esteroides administrados a mulheres que esperavam ter partos prematuros. O primeiro teste imparcial desse tratamento, relatado em 1972, demonstrou probabilidade reduzida de bebês morrerem após suas mães terem recebido um esteroide. Uma década mais tarde, mais experimentos tinham sido realizados, mas eram

Para responder à pergunta “O que isso significa afinal?”, a evidência de uma determinada comparação imparcial de tratamentos deve ser interpretada juntamente com a evidência de outras comparações imparciais semelhantes. Relatar os resultados de novos experimentos sem interpretá-los à luz de revisões sistemáticas de outras evidências relevantes pode resultar em atrasos na identificação de tratamentos tanto benéficos quanto prejudiciais e conduzir a pesquisas
desnecessárias.