Aonde vamos chegar a partir daqui?
As questões discutidas (sobre as preocupações e valores individuais, sobre a compreensão das estatísticas e de como elas se aplicam aos indivíduos e sobre as preocupações da extensão de tratamentos eficazes a graus cada vez mais moderados da doença) falam da necessidade de uma comunicação melhor entre o paciente e o médico, e entre o setor da saúde e os cidadãos que ele serve. Por isso, finalizamos este capítulo com a Declaração de Salzburgo sobre a tomada de decisão compartilhada, que descreve uma pauta para grupos diferentes com vista a melhorar a forma como trabalhamos em conjunto.
Declaração de Salzburgo sobre a tomada de decisão compartilhada
Apelamos aos clínicos que:
- Reconheçam que eles têm o dever ético de compartilhar decisões importantes com os pacientes.
- Estimulem um fluxo de informação bidirecional e incentivem os pacientes a fazer perguntas, a explicar as suas circunstâncias e a expressar as suas preferências pessoais.
- Forneçam informações precisas sobre opções e incertezas, benefícios e prejuízos do tratamento, alinhadas com a melhor prática para a comunicação de riscos.
- Adaptem a informação às necessidades individuais do paciente e permitam que ele tenha tempo suficiente para considerar as opções.
- Reconheçam que a maioria das decisões não têm de ser tomadas imediatamente, e deem aos pacientes e suas famílias os recursos e ajuda para alcançar decisões.
Apelamos aos clínicos, pesquisadores, editores, jornalistas e outros que:
- Garantam que a informação fornecida seja clara, baseada em evidências e atualizada, e que os conflitos de interesses sejam declarados.
Apelamos aos pacientes que:
- Falem sobre suas preocupações, façam perguntas e expressem o que é importante para vocês.
- Reconheçam que têm o direito à igualdade como participantes quando recebem cuidados.
- Procurem e usem informação de saúde de elevada qualidade
Apelamos aos legisladores de políticas que:
- Adotem políticas que incentivem a tomada de decisão compartilhada, incluindo a sua medição, como um estímulo para obter melhorias
- Emendem leis de consentimento livre e esclarecido de modo a apoiar o desenvolvimento de competências e de ferramentas para a tomada de decisão compartilhada.
Porque
- Muitos dos cuidados que os pacientes recebem baseiam-se na capacidade e na prontidão dos clínicos individuais para prestá-los, e não em padrões de melhores práticas amplamente acordados ou nas preferências dos pacientes por determinado tratamento.
- Os clínicos são muitas vezes lentos para reconhecer em que medida os pacientes desejam envolver-se na compreensão dos seus problemas de saúde, no conhecimento das opções disponíveis e na tomada de decisões que levam em consideração as suas preferências pessoais.
- Muitos pacientes e suas famílias acham difícil ter uma participação ativa nas decisões de saúde. Alguns têm falta de confiança para questionar os profissionais de saúde. Muitos têm apenas uma compreensão limitada sobre a saúde e seus determinantes e não sabem onde encontrar informação que seja clara, fidedigna e de fácil compreensão.