Prejuízos evitáveis aos pacientes
Os tratamentos recomendados para os ataques cardíacos, apresentados nos compêndios publicados ao longo de 30 anos, foram comparados com evidências que poderiam ter sido levadas em consideração se os autores tivessem revisado sistematicamente os resultados dos testes imparciais de tratamentos publicados durante esse período. Essa comparação demonstrou que as recomendações do compêndio estavam muitas vezes erradas, porque os autores não haviam revisado sistematicamente as evidências relevantes. O impacto foi devastador. Em alguns casos, os pacientes com ataques cardíacos estavam
sendo privados de terapias que poderiam salvar as suas vidas (p.ex., medicamentos para redução de coágulos). Em outros casos, os médicos continuavam recomendando tratamentos muito tempo depois de os testes imparciais terem demonstrado que eram fatais, como medicamentos que reduzem as anormalidades do batimento cardíaco em pacientes tendo ataques cardíacos (ver antes e consultar o Capítulo 2).
A ausência da combinação dos resultados de estudos em revisões sistemáticas, conforme novas evidências ficam disponíveis, continua prejudicando os pacientes. Sangue sintético, que não precisa de refrigeração ou de testes de histocompatibilidade, são uma alternativa atraente ao sangue de verdade, por motivos óbvios, para o tratamento de hemorragias. Infelizmente, esses produtos aumentam o risco de ataques cardíacos e de morte. Além disso, uma revisão sistemática dos estudos randomizados publicados desde o final da década de 1990 revela que os seus riscos poderiam e deveriam ter sido reconhecidos vários anos antes.