O que é “diferença significantiva” entre tratamentos?

Esta é uma pergunta complicada, porque “diferença significativa” pode ter vários significados. Em primeiro lugar, pode ser uma diferença que é de fato importante para o paciente. Contudo, quando os autores das pesquisas declaram que existe uma “diferença significativa”, eles estão muitas vezes se referindo à “significância estatística”. E as “diferenças estatisticamente significativas” não são necessariamente “significativas” no sentido comum da palavra. Uma diferença entre tratamentos pouco provável de ocorrer por causa do efeito do acaso – uma “diferença estatisticamente significativa” – pode ter pouca ou nenhuma
importância.

Pegue o exemplo de uma revisão sistemática de estudos randomizados comparando as experiências de dezenas de milhares de
homens saudáveis que tomaram uma aspirina por dia às experiências de dezenas de milhares de outros homens saudáveis que não tomaram aspirina. Essa revisão descobriu uma taxa mais baixa de ataques cardíacos entre os homens que tomaram aspirina e a diferença era “estatisticamente significativa”, ou seja, era improvável ser explicada pelo efeito do acaso. No entanto, não significa que tenha necessariamente uma importância prática. Se a chance de um homem saudável ter um ataque cardíaco já é bem reduzida, tomar um medicamento para torná-la ainda mais reduzida pode não se justificar, particularmente porque a aspirina tem efeitos colaterais, como hemorragia, ocasionalmente mortais. Com base na evidência de revisão sistemática, podemos estimar que, se 1.000 homens tomaram uma aspirina por dia durante 10 anos, cinco deles teriam evitado um ataque cardíaco durante esse período, mas três deles teriam uma hemorragia grave.