5: Testes genéticos – e a “medicina personalizada” – significam que os médicos podem calcular o tratamento específico necessário para cada indivíduo e tornam tudo isto desnecessário?

Embora a ideia de poder calcular o tratamento específico necessário para cada indivíduo seja indubitavelmente atrativa e possa ser possível para algumas condições, parece pouco provável que essa abordagem se torne a forma principal de tratar as pessoas. Como explicamos quando discutimos os testes genéticos no Capítulo 4, a maioria das doenças depende não só de interações complexas envolvendo vários genes, mas também de interações ainda mais complexas entre genes e fatores ambientais.

Os resultados de análises genéticas têm sido importantes nas decisões informadas em famílias e indivíduos com transtornos hereditários, como doença de Huntington, talassemias (doenças hereditárias que afetam o sangue) e outras doenças majoritariamente raras. Essa informação genética tem sido uma grande vantagem no aconselhamento de famílias com essas condições. Contudo, com respeito às doenças mais comuns a que todos estamos sujeitos, a análise genética adiciona pouco à informação já disponível no histórico familiar e no exame clínico. Embora essa situação possa se alterar, o nosso conhecimento atual limitado indica que precisamos ser cuidadosos para não “inventar” interpretações dos riscos de doenças comuns previstos
com base na análise genética.

Devemos declarar que nenhum dos autores pediu o seu perfil genético, nem estamos considerando fazê-lo. Por isso, não deveria
ser surpreendente o fato de aconselharmos geralmente contra a realização de testes genéticos, a menos que alguém tenha (i) um histórico familiar que sugira um transtorno genético específico conhecido, ou (ii) uma das poucas condições atualmente conhecidas nas quais um gene ou genes preveem claramente quem responderá ou não ao tratamento.

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